Filme ganhador do Oscar poderá ser usado por educadores a partir de setembro
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pelo Oscar, parece não ter sido a única a aprovar “12 Anos de Escravidão”, de Steve McQueen, ganhador da estatueta de melhor filme no último domingo (2). A partir de setembro, o longa começará a ser utilizado como ferramenta educacional por escolas públicas dos Estados Unidos. O material tem a intenção de oferecer um complemento para discutir o tema da escravidão durante as aulas de história do ensino médio.
Baseado na autobiografia do violinista Solomon Northup, publicada em 1853, o filme conta a história de um homem negro livre que, após ser sequestrado e vendido como escravo, aprende a ser submisso para sobreviver. Na contramão dos filmes que normalmente retratam a época, os senhores de escravos não são apresentados de maneira romanceada. Ao contrário, a obra coloca de forma direta uma visão impiedosa sobre o período da escravidão norte-americana.
O desejo de utilizar a história de Northup como um instrumento de ensino já era antigo para McQueen. “Desde que li ‘12 Anos de Escravidão’ pela primeira vez, tinha o sonho de que esse livro fosse usado em escolas”, afirmou o diretor em nota publicada pela National School Board Association, uma das organizações responsáveis pela distribuição dos filmes, ação que faz em parceria com a produtora New Regency e a editora Penguin Books.
Segundo Montel Williams, ator e coordenador da iniciativa, as produções audiovisuais podem se tornar uma grande ferramenta educacional. “Esse filme sublinha de maneira única um período vergonhoso na história dos EUA. O filme estimula nos estudantes um desejo de não repetir os males do passado e, ao mesmo tempo, inspira os jovens a sonhar com um futuro maior e mais brilhante”, afirmou o ator no mesmo texto.
Além do filme, as escolas irão receber também o livro de memórias de Northup e uma cartilha de estudos. Os diretores poderão decidir se irão incorporar formalmente as discussões sobre o longa no currículo escolar.
Novo estímulo
O jornalista e crítico de cinema Sérgio Rizzo defende, em sua tese de doutorado, a criação de uma especialização específica para que professores do ensino fundamental trabalhem o audiovisual nas escolas. De acordo com o especialista, o audiovisual pode ser uma forma mais envolvente de trabalhar conteúdos em sala de aula. No entanto, ele advertiu para o papel do professor de ser
um mediador e conduzir a discussão sobre a obra, sem tomar para si a tarefa de fazer as interpretações sobre o filme.
Fonte: Do PorVir