Defesa do Estado Democrático de Direito

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Dois pesos e duas medidas. É este o cenário da atual crise política instalada no país. Isso porque os setores mais retrógrados e conservadores exigem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, utilizando métodos que rasgam a Constituição e colocam em risco os direitos individuais e coletivos de toda a sociedade brasileira. O combate à corrupção é uma bandeira e uma luta legítima em busca de uma sociedade justa e igualitária. No entanto, a operação Lava Jato apresenta a recorrente seletividade do Estado. Afinal, por que Eduardo Cunha, mesmo denunciado por corrupção, ainda segue na presidência da Câmara dos Deputados? Os meios de comunicação – especialmente o Sistema Globo – fortalecem uma rede de manipulação da informação e de omissão. É importante fazer a distinção entre um jornalismo sério e comprometido com os fatos, a pluralidade e a função social da comunicação e o uso deliberado da mídia para conduzir os rumos da política brasileira e inflamar, de forma irresponsável, uma determinada versão dos fatos.

A responsabilização de corruptos e corruptores é necessária e defendemos que todos sejam investigados, inclusive governos dos anos 90, que privatizaram empresas públicas como a Vale do Rio Doce e Telebrás, o que ocasionou enorme perda tecnológica e demissões de engenheiros. Não podemos corroborar com a quebra do Estado Democrático de Direito com a utilização de grampos ilegais, conduções coercitivas e o desrespeito ao direito de ampla defesa. Defendemos a apuração de fatos concretos, e não factoides criados pelos veículos de comunicação.

O clima de intolerância que se avizinha é temeroso e o grau de animosidade também é consequência de determinados atos arbitrários do Poder Judiciário, que ferem a democracia e a estabilidade do Brasil. A História mostra que o fortalecimento de maniqueísmos recai no totalitarismo e autoritarismo. Nosso país passou por diversos golpes políticos e uma ditadura civil-militar e suas consequências serviram para a retirada de direitos, a censura e a justificativa para a tortura e o assassinato de milhares de pessoas.

A derrubada de um governo não pressupõe o fim da corrupção que, em nosso país, está enraizada culturalmente. Todos nós somos contra a corrupção e defendemos que todos sejam investigados e responsabilizados, independentemente de filiação partidária. A crise política ainda é agravada pelo fator econômico com o aumento de desemprego e da inflação. Além de uma necessária mudança na atual política econômica no país, é preciso recordar que esse quadro é reforçado pela retração proposital de grandes empresários, que têm interesse na derrubada do governo. Os braços para um golpe estão formados com o apoio de grandes grupos econômicos, dos meios de comunicação e de determinados setores conservadores instalados no Poder Judiciário.

Clamamos a sociedade brasileira ao diálogo e à defesa da democracia para o restabelecimento político das relações sociais. Vamos juntos, homens e mulheres, debater e construir um Brasil justo, democrático, soberano e igualitário. Não vai ter golpe! Vai ter luta!

Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)
23 de março de 2016